Katia Brasileiro

Críticas de Arte

Críticas sobre minhas artes

Expressões, de Kátia Brasileiro

O trabalho com texturas e os efeitos visuais é um dos diferenciais da obra de Kátia Brasileiro (@artista.katiabrasileiro).
Suas criações têm como uma de suas principais características um mergulho em representações visuais que escapam da imitação da realidade em função de buscas visuais que constituem um mergulho no universo da cor e de formas, que remontam a expressões orgânicas em que a natureza surge de diversas maneiras. Alguns trabalhos funcionam como portais que abrem olhares para outros mundos, expressando aquilo que a arte tem de melhor: o potencial de ampliar as percepções de quem vê. Nesse sentido, a artista traz, em seus trabalhos, uma criação plástica que se fundamenta numa constante pesquisa dos materiais para atingir aquilo que busca, se ja a criação de uma atmosfera mais densa ou de maior leveza. O desafio está na própria capacidade da artista de desconhecer barreiras.

Oscar D’Ambrosio

Dia Mundial da Água – 22/3 – “Onda”, de Katia Brasileiro

O conceito de trítico remete a três obras que dialogam entre si de modo a causar um impacto no observador. O trabalho “Onda”, de Katia Brasileiro, apresenta um tema relacionado ao mar com dois fatores de destaque. Por um lado, há a questão cromática, com um intenso jogo de verdes, nas partes inferior e superior, com o azul predominando na faixa horizontal central, com o branco funcionando como respiro para a mecânica visual proposta. Há ainda o movimento intenso sugerido pela construção plástica da própria onda. Do lado direito, um astro celeste contribui para criar uma atmosfera de mistério, regendo um clima em que existe uma demonstração da potência da pintura de lidar com o espaço da bidimensionalidade para criar um amplo universo de possibilidades, em que cores, formas e gestos estabelecem o resultado a ser visto e interpretado.

Oscar D’Ambrosio

Dia Mundial da Agricultura – 20/3 – “Natureza-morta”, de Katia Brasileiro

Gênero de representação voltado para composições de objetos ou seres inanimados, como frutas, a natureza-morta tem suas origens ligadas à Grécia antiga. Acredita-se que a denominação tenha surgido na Holanda do século XVII, quando, com a realização dos inventários de arte da burguesia local, a questão da identificação dos gêneros ganhou relevância. O painel (1 x 2 m) de Katia Brasileiro trabalha as frutas em alto relevo e utiliza o esmalte para dar efeitos de luminosidade. A obra traz a reflexão como quaisquer gêneros e estilos são mutáveis ao longo do tempo, incorporando novos elementos, seja de composição ou técnicos. Um dos papeis do artista é justamente o de não se acomodar, verificando como, dentro de sua poética, pode incorporar novos processos para renovar o próprio pensar e fazer, ultrapassando os próprios limites e fronteiras.

Oscar D’Ambrosio

Projeto: O que aprendemos com a pandemia? (7) – Kátia Brasileiro

Kátia Brasileiro, em sua obra composta de quatro telas, cada uma de 40 x 40 cm, realizadas, em abril/2021, com técnica mista, estabelece um mundo mágico. O período da pandemia, ao motivar um mergulho interior, levou muitos a se aprofundarem em suas manifestações artísticas, em grande parte, talvez, porque o reino da criação é o da subjetividade e da possibilidade de imaginar e sonhar. Concretiza-se assim a constituição de uma identidade visual que seja o resultado do encontro entre a poética que está na mente o processo que se realiza na execução. As obras, de certa maneira, cristalizam um processo alquímico ao sugerir uma interação entre os quatros elementos: o céu, na parte superior; a terra, na inferior, a água, expressa no movimento vertical que liga os dois; e o fogo, símbolo da consciência de executar o ofício artístico, conectando as ideias com o fazer.

Oscar D’Ambrosio

Projeto Ñomongetá – Kátia Brasileiro

Kátia Brasileiro, no políptico “Cores da Terra”, composto por seis trabalhos, de 40 x 40 cm cada, realizados em técnica mista, convida para uma viagem. A jornada se dá pelo olhar, mas, principalmente, pelas percepções. As obras caminham pelas tonalidades de vermelho, laranja, ocre, amarelo e vinho, sendo que cada uma traz impressões que estão além da cor. Elas impactam a mente, mergulhando nos afetos de cada um perante o que parece ser único. Cada observador terá sensações diferentes, porque as memórias variam entre os indivíduos. Existe ainda o teor simbólico arquetípico relacionado à terra, pois, na maioria das tradições religiosas, está associada à criação dos seres vivos, inclusive dos seres humanos, modelados de barro ou argila, e também se relaciona com o enterro nas tradições ocidentais. Sendo assim a terra, com suas múltiplas cores, pode ser “lida” como o começo e o fim de tudo.

Oscar D’Ambrosio

Projeto: O que aprendemos com a pandemia? (47) – Kátia Brasileiro

“Um intruso no jardim”, obra realizada com técnica mista (100 x 140 cm) por Kátia Brasileiro, proporciona um pensar sobre as novas relações de tempo e de espaço que a pandemia trouxe. A passagem dos segundos, por exemplo, ganhou uma nova dimensão perante uma realidade em que as pessoas se movem menos fisicamente, mas, com um clique, podem viajar para uma civilização passada ou para uma realidade futura da imaginação. Analogamente, a observação do espaço também se alterou. Um jardim interno, no momento em que passa a ser observado com maior atenção, traz surpresas, como detalhes de plantas, trajetos de formigas ou traços desconhecidos. Elementos que antes passavam despercebidos passam a ser protagonistas, pois houve um desenvolvimento da prática do olhar e do entendimento de que olhares cuidadosos e simbólicos ganharam progressivo espaço em tempos pandêmicos.

Oscar D’Ambrosio

Projeto:  Artista Trabalhador ou Trabalhador Artista? – Katia Brasileiro

“Olhar do ARTista”, de Katia Brasileiro, realizada com técnica mista (150 x 100 cm), apresenta um olho em destaque em meio a tonalidades quentes de amarelo e vermelho, com os cantos superior esquerdo e inferior direito mais escuros. Tradicionalmente, o olhar está ligado à percepção do mundo, sendo um elo entre o mundo interior e o exterior. Por isso, é associado à arte, entendida como “olhar sobre o mundo”, e também vinculado popularmente ao “mau-olhado” e ao “olho gordo”. Ele permite, num primeiro momento, captar o mundo por meio da recepção da luz, sendo uma fonte de conhecimento. Observar a realidade de olhos bem abertos, nesse sentido, significa estar atento a tudo. Para o artista, atentar aos detalhes é primordial, pois assim realiza as seleções que deseja para concretizar seu projeto visual, resultado dessa caminhada entre aquilo que vê, apreende, recria e reapresenta ao observador.

 

Oscar D’Ambrosio

Agreste 1, de Katia Brasileiro
Pode-se pensar a arte como um instante de reflexão. Quando se observa um trabalho, seja qual for a técnica, existe um diálogo entre o objeto contemplado e as referências de quem está perante o trabalho. “Agreste 1”, de Katia Brasileiro, estabelece múltiplas relações entre as cores, que dialogam por meio de tonalidades. Da esquerda para direita, há uma horizontalidade que começa nos azuis esverdeados e passa para os avermelhados. Na parte superior, são os amarelos que ganham destaque e, na inferior, os ocres e marrons marcam presença. O resultado traz a atmosfera do agreste, universo geográfico, climático e simbólico definido como uma zona de transição semiárida, menos úmida que a Zona da Mata do litoral nordestino e menos seca que o Sertão. É nesse universo de mesclas de cores e de texturas que a obra de Katia Brasileiro reside e motiva o olhar.

Oscar D’Ambrosio

Projeto Inverno
Inverno, de Katia Brasileiro

Obra realizada com técnica mista (1 x 1 m), “Inverno”, de Katia Brasileiro, apresenta uma textura que remete a um tronco de árvore ou a outro elemento orgânico. A imagem pode ser associada à etimologia da estação, que vem de “tempus hibernus”, ou seja, “tempo de hibernar”, remetendo ao período, principalmente no hemisfério norte, em que as temperaturas caem, as noites são mais longas e geralmente há mais chuvas e, em alguns locais, nevadas. Trata-se de um período de recolhimento e de preparação para a próxima estação, a primavera, em que ocorre o desabrochar da natureza e, simbolicamente, da própria existência. É esse mergulho em si mesmo que o i nverno pode propiciar para que cada um junte forças para superar barreiras, romper casulos e voar na estação seguinte, em um processo cíclico de renovação.

Oscar D’Ambrosio

Projeto Inverno
Tons de Inverno, de Katia Brasileiro

“Tons do inverno”, trabalho realizado com técnica mista (textura em tela de 135 x 135 cm, feito com materiais coletados em viagem aos países nórdicos e raspas de madeira da natureza colhidas pelo chão, especialmente na cidade norueguesa de Bergen), tem seu principal mérito na criação de uma atmosfera. A textura, que evoca um tronco de árvore, possui, no centro, uma espécie de gravado que aponta para o florescer da vida. Essa relação entre o áspero e o delicado conduz a pensar sobre as relações que a pintura pode estabelecer em diversas dimensões, tanto nas plásticas, quando se pensa nos materiais utilizados, quanto nas simbólicas, na oposição e simultânea comple mentariedade entre o rústico do fundo e o lirismo da imagem dentro do círculo, que parece apontar para a prevalência da vida, por mais áspero que tudo possa parecer.

 

Oscar D’Ambrosio

Agreste 2, de Katia Brasileiro

As obras de arte têm um estranho e fantástico potencial. Elas se realizam completamente quando encontram o olhar do observador. Trata-se de um processo complexo em que aquilo que o criador pensa no seu processo criativo nem sempre encontra guarida naquilo que o receptor da imagem interpreta. Essa riqueza de interpretações gera uma rica caminhada pelo universo plástico. A obra “Agreste 2”, de Katia Brasileiro, por exemplo, se pensarmos na horizontalidade do trabalho, instaura uma gradação que vai, da esquerda para a direita, de tons amarelados para os mais próximos do vinho, passando pelo preto e marrom. Realizada com técnica mista e técnica texturada, o trabalho, um díptico (30 x 140 cm cada peça) que pode ser interp retado também na vertical, auxilia a criar uma parede de vestígios que sugere visões planisféricas de mapas imaginários ou restos de pinturas ou de civilizações.

Oscar D’Ambrosio

Ñomongetá – Kátia Brasileiro

“DESAFIO”, Díptico de Kátia Brasileiro (@artista.katiabrasileiro) formado por trabalhos realizados com técnica mista, com medidas de 70 x 140 cm cada, permite, no mínimo, duas leituras complementares. Uma delas começa no título da obra, que aponta para uma ocasião ou obstáculo que deve ser ultrapassado. Pode-se pensar no ato da pintura em si mesmo como aquilo que deve ser enfrentado a todo instante pelo artista. Isso não significa necessariamente dor ou sofrimento, mas sim a adoção de uma postura existencial e artística que tenha como fundamento a busca constante de alternativas visuais. Outra dimensão está no jogo/embate de cores proposto pelo trabalho. Na metade superior do díptico, os tons de dourado e amarelo dominam, com os vermelhos começando a parecer. Na metade inferior, os avermelhados se ampliam e os escuros se adensam, numa atmosfera mais terrosa e intimista.

 

Oscar D’Ambrosio

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